quinta-feira, dezembro 16, 2004

A reconquista da liberdade

Ainda me lembro daquele dia. Devia ter uns 9 anos (fui verificar a data e depois fiz uns cálculos) e não sei porquê tinha a ideia de que era um Sábado (talvez por me lembrar que estava na cozinha, com a minha mãe, a fazer o Pão-de-Ló de Sábado). Longe de mim de saber o que era o Apartheid, mas o que é certo é que tenho na memória o banho de multidão nas ruas, quando Nelson Mandela foi libertado. Por esta hora vocês devem estar a pensar que estou a delirar...mas pelo menos agora sei o que o Sul Africano sentiu (quer dizer, mais ou menos).

As duas últimas semanas foram verdadeiramente infernais. De casa para a faculdade, de casa para os computadores, dos computadores para os gabinetes dos professores, que stress. È certo que as fichas de Betão Armado não eram fáceis e o trabalho de IO também não foi pêra doce, mas o trabalho semestral que tive que fazer por aqui foi um berbicacho ainda maior. Não quero com isto dizer que tenha trabalhado mais neste semestre que vocês, longe disso. Porém, não pensem que isto por aqui são favas contadas.

O raio do projecto ficou pronto e até quisemos entregar hoje, mas o grande Werner Bai não estava lá. Amanhã o “deadline” é às 12:00 em ponto! Mais um minuto e é a morte do artista, podem ter a certeza. Contudo, como a Julie, a húngara do meu grupo, tem comboio para Copenhaga pouco depois das 8:30, queremos ver se nos despachámos depressa. Grande parte dos professores dinamarqueses começam a chegar à faculdade antes das 7:30 (já recebi mails com a hora 7:14!), por isso estamos esperançados em arrumar a questão logo de manhã. Até porque tenho que arrumar esta tralha toda aqui no quarto, fazer a mala e derreter ainda mais umas massas. Depois ainda queria ver se corria um bocadito, porque com esta treta toda, já não corro há 2 semanas. Ainda para mais a equipa da São Silvestre está a ficar cada vez mais forte e as minhas probabilidades de fazer má figura vão aumentando a olhos vistos. Ó Edgar, sempre vais?

A semana passada fui com a minha turma de Inglês até casa da nossa professora. Pode parecer-vos um pouco estranho, mas aqui é normal fazerem isso, principalmente nesta época natalícia. Ainda para mais depois da prof dizer “Venham, venham. A minha filha vai estar por lá e vai ser uma boa oportunidade para ela praticar o inglês” E ó que filha! Tipicamente dinamarquesa, muito fria quando o nível de alcolémia está a zero, mas tudo bem. O pior foi quando chegamos de carro (sim, porque fomos apenas 5. O resto baldou-se ou foi até Copenhaga) e nos lembrámos que tínhamo-nos esquecido das flores. Isto depois do carro já estar dentro do pátio e tudo (os dinamarqueses não sabem o que são muros ou cercas). Lá voltamos ao centro da cidade e até encontramos uma excelente florista, por sinal. Quando regressamos não escapamos a um: “Por acaso o vosso carro não é verde, igual a esse que está aí fora?” Rapidamente me lembrei dos voos charter cancelados da YES e da Air Luxor e saí-me com um – “Problemas técnicos!” Ficou por aí.

Para acabar, um breve resumo da clássica troca de prendas de valor simbólico na aula de inglês! Esqueçam essa treta de numerar os presente e deixar que a sorte faça o seu trabalho. Aqui colocamos os presente todos no meio e começamos a lançar um dado à vez. Aquele que tirar um 6 tem direito a escolher um presente. Depois de todos os presentes estarem fora do centro, o mais certo é haver gente que está de mãos a abanar (triste fado português). A partir daqui continuamos a lançar o dado, mas agora, quando nos calhar o número 6, ganhamos o direito a “roubar” um presente a outra pessoa! Os meus valores de pessoa séria estavam um pouco desconfiados em relação a isto, mas posso-vos garantir que é mesmo muito divertido. Devo ter estado cerca de 90% do tempo de mãos vazias, mas quando soou a campainha,... Ah pois, foi uma sorte do caraças, safei-me na jogada anterior. Claro que no final a malta que tinha mais do que um presente teve que dividir pelos outros, mas foi mesmo muito divertido. Nesse mesmo dia até bebi pela caneca do Pai Natal (o presente que “conquistei”) na cantina!

Já chega. Regresso no Sábado, mas por mim vou continuar a escrever durante as férias. Vejam lá se colocam a “Judite” atrás da Ana. De vez em quando recebo uns mails dela, mas de Blog, nada!

Beijinhos e abraços para todos,

João

P.S. – Aceitam-se apostas. Acham que as malas vão chegar comigo ou não?