domingo, outubro 31, 2004

As bombas

Ora cá estou eu mais uma vez!

Fico muito contente por ver que este blog está agora com uma dinâmica completamente diferente. Pena é que essa malta aí do terceiro mundo (excepto o Torres) pense que isto funcione só num sentido :) Ao contrário do que vocês julgam, os vossos comentários também servem para fazer a estrangeirada sorrir.

Os fins de semana aqui são muito diferentes. Quando não há passeatas, que remédio temos senão estudar um pouco. Ontem estava mesmo cansado, mas por incrível que pareça, tenho tido dificuldade em dormir mais do que as habituais 8 horas ao fim de semana. Mesmo morando a dois minutos da Faculdade, são raras as noites em que durmo mais do que isso, mesmo no dia em que não tenho aulas, à quinta-feira. Até acho que tenho o sono bastante pesado, contudo, não posso ficar indiferente ao facto de às 7:15 A.M. de cada dia ver pessoas a caminharem no telhado do bloco que fica em frente à janela do meu quarto. Sim, o telhado do A-Block já está totalmente remodelado, mas as obras passaram agora para o B-Block. É impressionante, mas é ainda de noite quando os trabalhadores chegam ao telhado e começam a lançar bombas cá para baixo. Sim, porque não há cá problemas, às 7 da manhã já deve estar tudo acordado. A Joana, a portuguesa de Gestão que também está cá, diz que não consegue passar das 7 horas, por muito cansada que esteja. Ah, quase que me esquecia. Quando falei nas bombas, referia-me às antigas telhas que os trabalhadores atiram cá para baixo. Não há nada mais emocionante para começar o dia, que sair do quarto e ver uma telha preta a estatelar-se à nossa frente.

Por muito que eu não queira, já faltam pouco mais de 6 semanas para eu entregar o meu projecto. Não posso dizer que não esteja a gostar, mas o facto de estar a usar normas dinamarquesas e soluções construtivas que os gajos querem, não torna as coisas fáceis. O nosso projecto é sobre um antigo “celeiro” que querem transformar num ginásio, com piscina e tudo!!! (haja dinheiro) Temos que manter a estrutura antiga (paredes resistentes de alvenaria) e construir uma nova estrutura por dentro. O problema é que apesar de todos (no meu grupo tenho mais uma polaca e uma húngara) querermos betão armado, apenas o vamos utilizar nas fundações e piscina! É só aço e madeira... Depois é preciso dimensionar os contraventamentos para a estrutura de aço, o telhado em madeira, é a loucura... E não sou o único. O supervisor do Luís Cardeal quer que ele faça uma estrutura com paredes resistentes pré fabricadas!!!

Para imaginarem como eles são mesmo muito “verdes”, aprendemos a lidar à pouco tempo com um programa que calcula todos os resíduos que certa solução construtiva produz (gasolina, fumos, CO2, aquecimento, poluição da água, eu sei lá). Mais, eles querem ter dentro de muito pouco tempo mais de 25% das casas todas construídas em madeira. Isto aqui é outra divisão, está tudo estandardizado. Até portas e janelas só são fabricadas com determinadas medidas.

Ao contrário de vocês, Diogo e Ana, eu ainda não tive nenhuma visita de estudo; muito menos direito a banquete com malta de grande poder económico. Parece que talvez tenhamos a oportunidade de visitar uma fábrica de aerogeradores. Mas o que é isto quando comparado com as galerias LaFayette ou com um concerto da Orquestra da UBS no Auditório Nacional? Cada um tem o que merece, não é?

Por hoje chega. Isto por aqui já começa a chegar aos 5 ºC à noite, “está a aquecer”!

Beijinhos e abraços para todos!

João Plácido

P.S. – Alguém sabe se já está marcada a hora da decapitação do Santana Lopes e de um tal de Victor Fernandez? Não quero perder isso!

P.S. 2 – Não prometo nada Torres, mas pode ser que ainda apareça. Mesmo assim, muitos parabéns e boa sorte!