terça-feira, janeiro 11, 2005

Um exame na Dinamarca

E pronto, agora já sei o que é ter um exame na Dinamarca.

Hoje tive o meu primeiro, e único exame, por aqui. Nos primeiros dez minutos, o meu grupo teve que apresentar o trabalho que realizamos durante o semestre; depois, individualmente, cada aluno foi avaliado durante 15 minutos. Felizmente, o grande Jan H. Sørensen gostou do nosso trabalho, assim como da apresentação. No final, lá me deu um 85% e 75% aos outros dois. Esta é a parte mais complicada, a parte dos “outros dois”. De um lado tive um grego, a preguiça em pessoa. Aqueles que tiveram a oportunidade de falar comigo durante as férias do Natal certamente que já ouviram falar nele. O gajo orgulha-se de dizer que está cá para passar férias! (ainda bem que existem mais como ele lá pela Grécia; desta forma salvámo-nos sempre do último lugar nos resultados da UE. Ah, já me tinha esquecido, o Santana Lopes é português). No outro lado, o grande Romain, mestre do “levantamento do copo”. Hoje vínhamos do exame e lá me disse ele: “Nunca mais são 5 horas”. Nos primeiro instantes ainda me passou pela cabeça perguntar-lhe porque é que estava assim tão ansioso. Contudo, como já começo a ter alguma experiência nisto, apenas lhe perguntei com quem é que ele tencionava “enfrascar-se”. Outra característica dele, é o facto de conseguir sobreviver sempre até à hora do lanche apenas com um chocolate quente no estômago, uma verdadeira proeza (ou será mais técnica?). Mas mesmo apesar disto, o gajo é bom rapaz. Acho que vou ter saudades dele.

Agora apenas me falta fazer a apresentação do Trabalho Semestral na próxima segunda-feira e depois fico despachado da Faculdade. Restar-me-ão depois apenas alguns cartuchos para queimar.

Ouvi dizer que vocês andaram à minha procura nas imagens que têm aparecido nos telejornais, acerca do temporal por esta zona. Tenho que admitir que no Sábado a coisa esteve tremida, principalmente no que diz respeito ao vento, mas nada que resultasse em mortos e feridos. Não tenho estado muito a par disso, mas penso que as mortes aqui na Dinamarca se deveram apenas a acidentes de viação e quedas de árvores. Por esta zona, apenas a faculdade sofreu um pouco, com alguns vidros partidos e muitos papéis fora do sítio; mas nada de mais. Hoje até fui bafejado com um dia pleno de sol e sem ponta de vento.

Para acabar, apenas uma pequena achega às sardinhas Belamar. Voltaram a “dar à costa” no Rema (supermercado) e desta vez não me fiz rogado, trouxe quatro latas de uma vez. Sim, porque apesar de serem a marca que tem a pior apresentação (parece ter um grafismo do tempo da ditadura) desaparece muito depressa. Pelo menos sei que são dez vezes melhores do que umas que experimentei. O cheiro nauseabundo andou a pairar pelo quarto um par de dias.

Bem sei que isto não é o local apropriado e tenho feito um esforço por não comentar as barbaridades que se vêm no futebol português ou os feitos de portugueses que ninguém reconhece. Mesmo assim, não podia deixar passar em claro a morte do Fabrizio Meoni no Dakar. Bem sei que 95% das pessoas que lêem isto não fazem a mínima ideia de quem ele é ou foi, mas desde sempre o admirei. Obviamente que nunca falei com ele ou até mesmo vi uma corrida ao vivo, porém, lembro-me sempre das entrevistas que dava, sempre com uma atitude bastante positiva. Sempre correu para ganhar, mesmo quando utilizava a KTM 950 bicilíndrica (explicando em poucas palavras, mais rápida, mas no mínimo 50 quilogramas mais pesada!). Este ano nunca virou a cara a luta, apesar de ter estado contra a alteração de algumas regras. Contudo, a organização foi a primeira a reconhecer as falhas, tendo-lhe diminuído uma penalização de 10 minutos para 2. É por ainda existirem pessoas como ele, que um dia ainda vou fazer o Dakar.

Beijinhos e abraços para todos. Vejam lá se não se matam a estudar!

João Plácido

P.S. – Correm rumores de que hoje vamos ver um filme que faz chorar as pedras da calçada. Não sei porquê, mas temo que seja uma antevisão da apresentação do meu projecto :)