terça-feira, novembro 16, 2004

A noite de jazz no Hotel Sofitel

A semana passada, esteve por terras dinamarquesas a minha prima Telma. Veio até Copenhaga, numa espécie de visita de estudo para poder ter a noção do quão perto estamos (Portugal) do terceiro mundo. Conheceu algumas empresas de reciclagem e tratamento de lixo na Dinamarca e Suécia e pelo menos por agora, existem mais portugueses que sabem que ainda temos um longo caminho pela frente.

Como não podia deixar de ser, e dado que a minha prima não se podia deslocar a Horsens, lá fui eu passar mais dois dias a Copenhaga. Já devo ter quase tantos quilómetros nos caminhos de ferro dinamarqueses (DSB) como em viagens de Alfa Pendular e Intercidades, mas é sempre um prazer viajar em comboios que se dão ao luxo de chegarem antes do tempo. Fiquei a dormir no mesmo hotel que toda a comitiva. Já não dormia tão confortavelmente desde que os meus pais cá vieram e é sempre bom poder tomar um grande pequeno almoço sem ter que lavar a loiça! Ainda para mais, deram-me um quarto no último andar, com varanda e tudo. Também com o que se paga para dormir na Dinamarca, até deveríamos ter direito a outros serviços...

Nessa noite, depois de jantarmos, fomos até ao Hard Rock Café, que fica a 5 minutos do hotel, mesmo perto da estação. Ainda não haviam meninas a dançarem em cima do balcão, mas os ânimos já começavam a aquecer. Devíamos ser cerca de 25 pessoas e, após algum tempo, um dos membros mais velhos da comitiva, sugeriu que fossemos ao bar do Hotel Sofitel, a dois passos dali. Tinha visto na recepção que existia Live Jazz à Sexta e ao Sábado e como estávamos à porta do fim de semana, lá tentamos. Conhecia o hotel, pois fica mesmo junto à estação mas apesar de ainda não saber naquele momento o preço mínimo a desenbolsar por um reles quarto, já desconfiava que aquilo não se compadecia com as minhas botas ECCO turbo-diesel com Goretex!!! (mesmo assim foram caras como o caraças) Lá fomos.

A sala era pequena, mas no mínimo tinha uma decoração espectacular. Era uma coisa antiga, de à uns 200 ou 300 anos atrás, mas com muito estilo. Tentando simplificar a coisa, talvez seja uma boa imagem o Café Majestic mas com o devido coeficiente de majoração Portugal/Dinamarca. Não deveria ter lugar para mais de 40 pessoas, mas mesmo com algumas mesas vazias, não coubemos todos lá. Tivemos que esperar a nossa vez, pois ficar ali de pé não era nada boa ideia. Contudo, juntamente com o intervalo lá veio a nossa oportunidade. Eu, a minha prima e mais uma colega dela arranjámos lugar numa mesa, partilhando-a com um casal dinamarquês.

No início, depois de nos cumprimentarmos, continuámos a conversa portuguesa a três. Porém, o dinamarquês decidiu abrir o livro... Começou por nos fazer as perguntas triviais: de onde somos, o que estávamos a fazer por lá, essas coisas todas. Mas, como se apercebeu que o macho (eu) era o que mais falava lá se saiu com esta. “E as meninas, não falam? Não quero falar mais contigo, quero ouvir as meninas a falar” Claro que tudo isto já com um olhar algo vidrado e um inglês um pouco arrastado; vulgo, bêbado q.b. As meninas lá se estavam a sair muito bem quando ele pergunta o que eu estava a beber. Seguindo a grande tradição dessa pessoa, meu Pai, tinha pedido uma água com gás. O tipo disse qualquer coisa como: “Isso não é bebida para ti, o que queres beber?” (convite também estendido às meninas, claro). A princípio, estávamos todos um pouco renitentes, mas depois, lá tratei de pedir dois gim tónico. Aquilo estava forte como o caraças mas lá bebi juntamente com o gajo, tentando fazer boa figura.

Continuamos a falar e a senhora que o acompanhava (não sei porquê, penso que não era a mulher. Mesmo depois de o dinamarquês ter dito que tinha filhos). Disseram-nos que aquele era talvez um dos melhores locais em Copenhaga (esta tem dedicatória especial – Diogo) e que geralmente não tinha tanta gente como naquele dia. Pudera, pagar quase 10 Euros por uma água com gás não é para qualquer um! No final, como não podia deixar de ser, lá pagou as bebidas. Fê-lo com cartão de crédito e certamente que estava longe de saber na dificuldade que iria ter em assinar o recibo. Não fez melhor figura do que o Brito com uma esferográfica na pata pela primeira vez, mas os funcionário do bar já o deviam conhecer e não houve qualquer tipo de problema. Claro que tivemos que nos esforçar muito para manter a postura, mas foi bastante divertido.

Bem, chega de cantiga, que ainda tenho que reabilitar mais umas condutas esta noite :(

Abraços e beijinhos para todos!!!

João Plácido

P.S. – Surpresa das surpresas, a semana passada ouvi fado nu supermercado. Eles têm sempre uma ou duas televisões à entrada mas geralmente estão sempre com o teletexto ligado. Mesmo assim, foi muito engraçado

P.S. 2 – Como podem ver na fotografia, cortei a trunfa! Reza a lenda que aqui na Dinamarca são precisos cerca de 20 Euros para cortar a juba, pelo que tive que tomar medidas drásticas. Um dos portugueses que cá está, o António, trouxe máquina, e nada melhor que pedir ao uma italiana (Tabata) para fazer o serviço. Cinco estrelas, apesar de limpar o quarto no final não ter sido nada fácil.

1 Comments:

At quarta-feira, novembro 17, 2004 3:55:00 da tarde, Blogger João Plácido said...

Porque é que achas que eu fugi para a Dinamarca? Esse Soeiro nunca me pareceu boa peça. Lembras-te da visita ao LNEC? O tipo fez no mínimo uma figura ridícula! No fundo, no fundo, não passo de um cobardolas (merdas para os amigos!)

Eu também tenho que me desenrascar com o RSA cá do sítio (pelo menos é em Inglês) e aventurar-me pelo mundo das estruturas metálicas e em madeira. Contudo, de certeza que não tenho que aturar um autocolante tão grande como essa criatura!

Isso é canja para ti!

 

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